sábado, 28 de maio de 2011

É hora de brincar!


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Renata Meirelles já realizou diversas pesquisas sobre brincadeiras em todo país, criou o Projeto BIRA e ministra cursos, workshops e palestras em escolas, universidades e instituições. Além disso, está terminando sua tese de mestrado na Faculdade de Educação da USP sobre o tema. “É muito mais importante o adulto doar seu tempo, brincar com a criança, se divertir e aproveitar esse momento que é único.”, diz Renata.

Toda criança tem o direito de brincar. É sobre esse direito tão fundamental da infância que mostraremos a entrevista com a pesquisadora do assunto Renata Meirelles. 

Então aproveite as dicas na entrevista abaixo!

Existe uma definição do que é brincar? Qual a importância da ação de brincar para as pessoas, sejam crianças ou adultos? pula_sela

Renata Meirelles – Para as crianças, a brincadeira é a linguagem que utilizam para se expressar, por isso é tão iportante. Como a brincadeira é motora ela ajuda a criança a conhecer seu corpo, a se entender.Já o adulto tem outro canal de expressão, tem outra relação com o mundo, outras formas de entendê-lo, seja através do esporte, da dança ou da pintura. Para o adulto as atividades de lazer são consideradas uma forma de brincar.

Existe uma definição do que é brincar?
Renata Meirelles – Cada pensador e estudioso vai definir isso de uma forma, mas brincar é sinônimo de liberdade. Se houver obrigação deixa de ser brincadeira. Às vezes, na escola, a professora utiliza certos artifícios mais lúdicos para ensinar sobre alguma coisa achando que aquilo é uma brincadeira, mas não é, porque as crianças não têm a opção de não participar. Se não existe essa alternativa não podemos considerar a atividade uma brincadeira. 

Nos dias de hoje, com toda a tecnologia e informação disponível, o tempo para as brincadeiras diminuiu? Quais as conseqüências?
Renata Meirelles – Para as crianças o tempo não diminuiu, porque elas acreditam que o video game, o computador e a televisão são brincadeiras. Realmente são, mas todas bastante individualizadas. Hoje as crianças não interagem com as outras, as atividades são sempre solitárias e não permitem o conhecimento do corpo. Não existe contato nem com si mesmo nem com o outro. É claro que não é para as crianças deixarem de jogar video game, mas elas devem fazer outras coisas além disso. 

Você acredita que crianças que brincam mais na infância se tornam adultos mais felizes? Por quê?
Renata Meirelles – Não é apenas a brincadeira que influencia na felicidade de uma criança. Saúde, educação, carinho e uma base familiar são fatores determinantes. A brincadeira é só mais um destes fatores.

 Como um adulto pode brincar também? O voluntariado é uma forma de aproximar essa realidade dos adultos?
Renata Meirelles – Sim, eu já fui coordenadora de um grupo de voluntários que trabalhava com crianças e era ótimo. Lembrava do meu passado e das brincadeiras que fazia durante a minha infância. Fazer esse trabalho com as crianças é super importante porque trazemos para as nossas vidas momentos que foram deixados na infância e, por conta da correria do dia-a-dia ,acabamos não resgatando. A sensibilidade infantil é importante na vida adulta e, lidando de forma voluntária e plena, resgatamos tudo que acaba sendo perdido.

 queimadaO que os brinquedos representam na nossa educação e cultura?
Renata Meirelles – Representam muito, mas são todos construídos por adultos, ou seja, todos têm os valores dos adultos e cada dia são mais complexos, mas cheios de luzes, barulhos e movimentos. A criança não  precisa de tanta informação, elas gostam de coisas simples, elas aprendem pouco com tudo que é muito complexo. Por isso acho que é necessário se pensar mais a respeito dos novos brinquedos.

 De que forma a mudança dos hábitos e costumes influencia o tempo livre para brincar e de colocar as pessoas em contato?
Renata Meirelles – As pessoas têm medo da liberdade de brincar, mas nós devemos mostrar o quanto é bom se relacionar com as crianças, o quanto o adulto ganha brincando e interagindo com os pequenos.
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